Ele me fez bem e me fez mal.
Eu jurava que não iria me envolver. Passara tanto tempo me enterrando em mim que sempre que entrava no carro dele, pensava que era só mais uma aventura. Senti-me até imune aos sentimentos derradeiros que nos rodeiam o tempo inteiro. Quando mais me achei esperta, foi onde mais fui ingênua. Esqueci que todas as noites eu procurava alguém para abraçar. Esqueci que procurava palavras quentes soltas pelo ar. Esqueci que precisava de alguém que me dissesse que sou diferente, importante e até quem sabe, inesquecível. Ele me fez bem porque me deu tudo quanto eu mais precisei e procurei. Ele me fez mal porque me deu todas essas coisas e foi embora. De certa forma sou agradecida pelo fim prematuro. Antes cedo com boas lembranças que tarde com um frescor de mágoa pela manhã – e pela tarde e pela noite e por todos os dias. Hoje seu cheiro me aperta o coração, mas não me esquivo dessa mão que insiste em me lembrar. Sim, porque esse aperto não é nada mais que a mão dele me lembrando de sua existência. É bom que ele saiba que mesmo que o tempo se engrace e tente me confundir, nada vai tirá-lo de mim. Blasé. Não me surpreendo mais. Talvez nem por ele, mas por mim. É um favor que me faço, me lembrar de todas as palavras de admiração que saíram da boca dele. E me lembrar de sua boca fazendo amor com a minha me enobrece por sentir que, embora o destino tenha nos desatado as mãos, meu gosto ficará pra sempre no gosto da boca dele. Em todos os momentos me recordo de sua petulância, seu sarcasmo, seu riso e seu toque... E também de sua boca na minha, no meu corpo, no meu eu. Sem tristezas despedi-me porque finalmente entendi que nossos caminhos foram traçados de forma alheia. De que não nascemos para permanecermos, apenas para sermos. E fomos e paramos de ser. Não ouso dizer que acabou, não porque penso que um dia seremos de novo, mas porque creio com todas as minhas lágrimas, sorrisos e pulmões que o que foi bom não acaba, mas fica vagando pelo ar de nossa existência, nos lembrando de sorrir quando o coração apertar. É isso que tenho a dizer. Que sinto saudades, que faria tudo de novo. Que você me descobriu de uma forma que nem eu me consentira descobrir. E que quando meu coração apertar e se talvez eu até chorar, vou permitir, porque isso me traz um pouco de você e não quero te perder jamais.
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