É verdade que estou mais quieta, mais sumida, recatada, envolvida. Mas não confunda com o apagar do brilho. Não parei de querer muito, sonhar muito, amar muito. Não parei de viver. Encerrei ciclos, como as pessoas tanto falam. Me abri para um (re)começo, e tenho me fechado (todos os dias um pouco mais) para as coisas velhas. Coisas velhas essas que não culpo e nem devo a ninguém. Coisas minhas. Lembranças doloridas que dilaceram o coração... E sabe, me sinto um pouco velha para essa história de coração dilacerado. Preciso sim de um coração apaixonado, todos os dias, porque sem paixão não se faz nada. A razão do silêncio é simples: aprendi a me guardar. Tudo bem, tenho-aprendido-a-me-guardar. Tarefa difícil essa. Gritei meus sentimentos para todos os cantos incontáveis vezes, e conto nos dedos as vezes que voltaram para mim. Mas todas aquelas vontades, todos aqueles amores, paixões, medos e desejos eram meus! E ainda são, sempre serão. E serão triplicadas vezes mais porque tenho os preservado como um pássaro preserva o ninho. Esse desprendimento deve-se à dor. Porque você sabe, dói quando nos damos e não nos aceitam. Quero me dar e não me receber de volta, porque assim mostra que a pessoa que me ganhou, gostou de me ter e me quer ali para sempre. E eu gosto dessa história de sempres, são tão luminosas... Dá vontade de viver e reviver, nascer todos os dias. Sei lá.
Entendeu agora o meu silêncio? É um caso de amor, eu comigo. E de amadurecimento também, não só da minha parte, mas das coisas que guardo dentro de mim. Tenho alimentado cada desejo, cada devoção, cada vontade de me doar, para que tudo isso se fortaleça e não se perca, ainda que rejeitem mais uma vez. É claro, estou ciente de que não é o meu silêncio que vai evitar que essas coisas chatas (nunca erradas) aconteçam mais uma vez, mas quando vierem a acontecer eu vou estar de bem comigo. Sorrindo pro espelho, cantando alto, dançando nua pela casa. Porque eu vou ter tentado, me aperfeiçoado e vou ter dado de cara com mais uma chance, mais um começo. Adoro recomeços; árduos e valiosos... Inevitáveis. Tô escrevendo para dar uma satisfação a mim mesma. "Você não deixou de ser intensa, garota. Você só quer que as coisas cresçam fortes e aconteçam." Acredito nisso porque foi o que eu falei ao me olhar no espelho hoje cedo. Seja forte, aconteça.
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