Gosto de escrever cartas com palavras singelas para fazer-te entender como é bom ser estudado, percebido e escrito. Porque quando singelamente escrevo sobre ti, escrevo você e ponto. Resumo-te em palavras. Não é belo?
Não ousaria te limitar, longe de mim tal infortúnio. Mas é excitante tentar.
Sempre haverá um novo gesto, uma nova história e então, novas palavras, outras frases, uma nova carta.
Escrevo-te porque mal sei falar. Porque me sufoca e me engasga. É muito sentimento pra pouca corda vocal.
Então escrevo... Por isso, analise as entrelinhas. Costumo me entregar com o subentendido.
Não tenho a pretensão de ser mistério. Deixo o mistério a quem é misterioso de nascença. Eu não. Nasci pra ser descoberta, exposta. Não confunda com querer ser reconhecida. Pouco me importo se outras pessoas lerão meus pensamentos. Mas quero que você o faça. Porque me preocupo com você. Não quero deixar passar nenhuma palavra despercebida.
Lamento porque as palavras que ferem saem facilmente da minha boca, mas nem sempre é real. É por isso que você precisa estar atento. Meus olhos nem sempre estão em concordância com meu lado verbal.
Gosto de chocar. Trazer o sentimento à flor da pele.
Gostaria de fazer um manual meu, porque sou ardilosamente difícil de lidar. Gosto das coisas claras, meu bem. Vai se acostumando com meu descaso, minha pouca ou nenhum frescura.
As coisas são porque já foram ou talvez nem chegaram a existir, mas começaram a ser então temos que aceitá-las assim. Então só te peço pra não me poupar de todas essas coisas. Quero vivê-las. Contigo. É. Quero-vivê-las-contigo. Dá samba! Então não nos poupe. Não evite “nós-dois”.
Existimos e isso é um fato. Porque não éramos, mas passamos a ser, e não cabe nem a mim nem a você fazer com que “não-sejamos-mais.”
Só precisamos ser e isso é lindo. Porque nisso envolve mil e uma variáveis que nem cabem aqui, mas que é prazeroso tentar definir.
Só precisamos sentar de frente um pro outro e falar. E rir. E ser. Porque juntos simplesmente somos, é natural e é por isso que amo tanto tentar nos escrever. Porque sofistico tudo que somos quando na verdade é tão singelo quanto cada palavra que uso separadamente, tentando incessantemente te, me e nos definir.
E quando as palavras começam a se esgotar, exatamente como agora, é porque me lembrei dos momentos em que somos e só, e nesse meio tempo você já paralisou o lado esquerdo do meu cérebro, me impedindo de escrever, me fazendo acumular sentimentos sem tamanho e sem tradução. Aí eu percebo que tá na hora de te ver, de te abraçar e te beijar até sempre de novo. De ser tua, de seres meu e sermos nós.
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