Entendo teus medos, pois os tenho também. Mas acredito tê-los muito menos que você.
Não que eu me orgulhe disso – ainda me falta a vergonha. Mas é que estou a escrever algo que você nem ao menos chegará a ler.
Estou dando minha cara à tapa. Estou dirigindo um caminhão de carga, e ao te conhecer, entrei na contramão. E assim que meu caminhão colidir, faíscas é pouco pro que há de vir.
Incêndio.
Eu, você. Fogo.
O fogo que nos aquece ainda nos mantém alheios. Você se mantém distante, pois tem medo de se queimar, mas sinto lhe informar: você tem o fogo. Você é o fogo. Não há como fugir.
Como quem cansa de nadar contra a correnteza, aguardo você se cansar de acreditar que está se mantendo longe do desastre que o fogo traz.
Lamento. Mas já me conformei. Somos nós aquilo que nos queima, e queimamos e consumimos e ardemos esdruxulamente bem quando estamos juntos.
Desejo que esse fogo queime e destroce tudo que há pela frente, pois estamos falando de paixão. E se algo sobrar – por menor que seja – acanhado, quieto, sujo das cinzas... Estaremos de encontro com o amor.
Ah, o amor...
Lapidado em fogo quente. Lapidado em nós – que queimamos tão bem juntos, e você nem sabe...
Nenhum comentário:
Postar um comentário