Ah, o tempo é...

Tic tac tic tac tic…

Já ouvi essa história de tempo em algum lugar. Ou em todos os lugares. Tem gente que diz que o tempo cura tudo, mas não, não me convence.

O tempo é aquilo que você escolhe fazer dele. Pode perceber que se você se sentar e esperá-lo passar, ele se arrastará feito uma cobra peçonhenta rodeando o bote, mas nunca abocanhando a presa. Mas uma vez que escolhemos abstrair o tempo a história inverte. Sim! Ignore-o. Finja que não sabe da sua existência nem do seu poder sobre a vida.

Aí é que a vida começa, meu bem. Na verdade ela já começou há tempos, mas você estava mais preocupado em ver o tempo passar, não é? Sei como funciona... Quando dói, a gente senta e espera ver o fim vagaroso da dor. Incrível que quando amamos o tempo escorre entre os dedos... Malditos dedos que não o sentem escapulindo... Tudo bem, “o tempo cura tudo e amanhã é um novo dia”. E então? Você vai se sentar e vir o amor passar, e ter a dor como sofrimento diluído em água abandonando o corpo quase que dormente? Também não.

Tentei de todos os jeitos, meu bem. Tentei chorar sorrindo, amar sofrendo, falar calando... Sentei-me diante da dor e do amor e vi que só aprendemos a degustar o bom quando encaramos o ruim de frente, sem desejar que ele vá embora depressa, nem querendo que ele estenda sua estadia. Ainda que pareça meio mórbido... Mas se você parar para pensar, o que separa o amor da dor é o modo como você vê o tempo, é o espelho, a cadeira que você se senta para esperar ou não. Apesar de tênue, a linha que separa esses dois enfados existe, e nosso erro está em querer misturá-los. “Doeu, sofri, logo, não amarei mais.” Por favor... Façamos a coisa toda! Uma a uma. Amemos, choremos, soframos... Sendo assim, percebemos que o tempo não está contra nós. Ele apenas nos lembra que é preciso viver tudo que há pra viver, porque ele consome, meu bem... E no meio de tantos caprichos e milhares de “não-me-toques” ele leva embora a única coisa que você realmente tem: a vida.

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