Não adianta querer fazer do amor uma peça teatral tão bem ensaiada e colorida e previsível. O amor nada tem dessas mentiras. A verdade do amor é feia, porque de certa forma, ele é feio. Certamente não o dispenso, mas evito embelezá-lo de forma tão ilusória para que todos ao meu redor apreciem e possam sorrir diante dele. E que a verdade feia do amor feio seja dita: por mais avassalador e inevitável que seja amar, falar desse amor e demonstrá-lo, a pessoa que é amada, que ouve sobre esse amor e que vê o que somos capazes de fazer para prová-lo, nada sente a respeito. Frio. Convenhamos: quando alguém diz que te ama, você não sente esse amor. Você sente esse amor em outros momentos, como num abraço, num beijo, num olhar. Para sentir esse amor que as pessoas tanto dizem nos amar, é preciso estar atento. É preciso pôr os pés no chão. Por mais cuidadoso que alguém seja em não te magoar, se ela não sentir o amor pelo qual você o ama, o desprezo é inevitável. Ela não vai te amar de volta pelo amor que você oferece a ela. É triste, amigo. Aprendi vivendo esse amor feio. Portanto, quando amar, esconda esse amor, cuide dele, o valorize até que a pessoa amada o implore, o anseie, o deseje. Enquanto esse momento não vem... Sente aqui. Vamos tomar alguma coisa bem forte, de anestesiar o coração.
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