Saudade

Não preciso do teu choro, do teu perdão ou do teu arrependimento. Aliás, não preciso de ti. Preciso saber que você vive para que eu tenha o mesmo alguém que você costumava ser, para amar. Porque não há nada a fazer. Nada a tentar. Eu tentei, você sabe, você viu, você não tentou, mas eu tentei, como estava dizendo. Então só nos resta seguir trôpegos, vacilantes, confiantes e iludidos pensando que o que tiver que ser vai ser, mas sabendo que no fundo, tudo que tinha que ter sido já foi e não será mais. E se engana quem prefere terminar antes que nada reste, porque preciso dizer que a saudade misturada com a vontade de quero-mais com a sensação de que ainda-pode-ser, dói muito mais do que a dor da mágoa, a dor do fim, a dor da dor. Falta o conformismo de não te ter mais, mesmo que ambos queiram, que ambos precisem do “nós” que fôramos um dia. A saudade dilacera em cada batida do meu coração e eu sei que isso é brega, amor, mas mais brega é querermos ser e não sendo, sofrermos de tanto amor não amado. Não sei se você entende o que nem eu entendo... Não sei se fico ou se volto, se recuo ou se peço pra voltar. Só sei que te escrevo pra te lembrar de que um dia fomos e pedir que jamais te esqueças de como foi bom esse tempo que não volta mais.

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