Estava pensando na sua barba por fazer roçando no meu rosto e deixando minha pele irritada. Na verdade estava pensando em uma porção de coisas que você deveria saber, aliás, que você sabe, mas que você deveria saber que eu sei que você sabe, entende? A barba é só um detalhe perto dos seus dedos passeando pelas minhas costas como quem não tem mais nada pra fazer da vida. E tem seus olhos que vivem em busca dos meus que, acanhados, se escondem. E se não bastasse a busca pelos meus olhos, eles (teus olhos) me procuram por inteira, como se não conseguissem me enxergar de perto, como se precisassem olhar lá dentro de mim. Não deixo. Ou deixo? Não sei, mas não é essa a intenção. É um conjunto, entende? A barba, os dedos, os olhos... Todos trabalhando juntos em prol da descoberta de mim. Tudo de você contra o tudo protegido do meu eu – injusto. Antes que eu pudesse classificar o relacionamento, o grau de intimidade ou a quantidade de dias que estamos juntos, você me aperta e me olha decidido, olhando mesmo, pensando em mil coisas sobre o momento presente e sussurra me pedindo um beijo. Aí é como se eu tivesse a sensação de que não preciso pensar em nada, classificar coisa alguma, porque você me olha bem lá dentro, me sente e, por isso, te sinto. É isso, te sinto puro, te sinto perto, te sinto dentro e todo esse sentir basta, porque essa é a constante da nossa vida, não é? A gente vive pra que as pessoas nos sintam e nos façam sentir. Você me faz sentir, então fica.
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