Olha, acho que vou ter que recusar. Pensando melhor, deixa tudo como tá. Vamos parar por aqui antes que esse tudo se torne algo que a gente não consegue deixar pra trás. Pode achar que é covardia minha. Eu concordo.
Acontece que quando eu começo a querer uma coisa, mesmo, de verdade, é a hora perfeita pra largar tudo de mão e fingir que não aconteceu. Eu comecei a querer você cochilando só de bermuda na minha cama enquanto eu leio um livro e faço algumas pausas pra te olhar. Eu comecei a querer conhecer teus amigos, tua família, teu cachorro. Eu comecei a querer você, então temos um problema.
Eu coleciono noites em que passei escrevendo sobre as coisas que eu queria e, mais tarde, sobre o fim de cada uma delas. E agora eu tô escrevendo sobre você. Tá vendo como tá na hora de parar? Eu queria muito você na minha cama enquanto eu leio, você sabe, mas antes disso vou ter que recusar o sorvete no shopping, os jantares tentando fazer você gostar de sushi e os cinemas (ridiculamente) de mãos dadas. Antes do fim, vou ter que recusar o início. Vou ter que nos recusar.
Acho que eu não sei ser feliz, cara. Se eu não tivesse tanto medo disso, eu deixaria você me ensinar um jeito de fazer isso acontecer. E eu tô aqui pedindo pra você não insistir querendo mesmo é dizer algo que tenho medo até de falar em voz alta. Tô querendo dizer pra você não fazer como eu fiz. Não desiste de mim como eu desisti. Me faz um favor e não acredita em nada que eu disse. Te espero às nove pro jantar.
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