Não quero muito

Foi como deitar na cama após uma noite de bebedeira. Deitar, soltar o corpo, se sentir flutuando e, sem esforço, pegar no sono. Foi como respirar - involuntário. Foi de maneira tão sutil que nem vi, e quando percebi, já existia. O estranho não era mais o cansaço de carregar duas vidas nas costas, mas andar sem peso algum. Foi como alcançar a superfície do mar após quase morrer afogado.

Nunca imaginei que você, com aquele jeito aparentemente altivo e livre, acabaria se tornando quem me libertaria e me prenderia. Naquele primeiro contato nem passou pela minha cabeça que, com toda essa marra, você viria a ser a parte mais linda de todos os inteiros que já fui.

Eu não sabia que eu podia ser quem eu era até ver você me esquadrinhando de perto. Eu não sabia como fazer isso até que me senti servindo no teu abraço, e se é assim que me encaixo em ti é porque não poderia ser nada além do que já sou.

Estranho "a leveza do ser", mas você tem me mostrado coisas que eu nem acreditava que existiam, e tentar falar de você e de todas essas coisas me causa quase que um desespero. É um quase desespero porque, atônita, tento sem êxito rotular tudo que temos sido, mas somos e isso me basta de tal forma que descanso e até me esqueço por um momento de tentar nos explicar.

Eu quero viver no teu mundo, ser teu cheiro, amar tua vida, cuidar do teu amor. Eu quero residir sob a paz dos nossos seres se contemplando sem cessar. Não quero muito. Não quero nada além de nós.

Um comentário:

  1. tu conhece alguém do blog taste good? cheguei aqui via eles.
    amei teus textos! vou acessar sempre!

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