Foi retórico, certo? Você sabe que nós não vamos nos ver, não sabe? Digo, se a gente não se encontrou quando podia não há porque nos encontrarmos agora.
Agora que eu não sou mais a boneca no fundo da prateleira. Agora que eu disse sim a tudo que pudesse me fazer feliz. Agora que você não me embrulha mais o estômago, nem me alimenta com os farelos das tuas repugnantes intenções.
Mas é claro que você viria agora. Você não chegaria no exato momento em que pôs tudo a perder; não estaria aqui se eu ainda estivesse vulnerável. Eu não deveria entender, mas entendo. Você quer provar que é meu calcanhar enquanto eu sou Aquiles. Que é Dalila cortando meus cabelos enquanto eu sou Sansão.
Você quer ser um câncer cujo a cura e a morte se encontram na própria doença. Você não quer me deixar ir e acha que está chegando a tempo pra não me perder.
Mas olha, eu não sou Aquiles, muito menos Sansão. Eu não sou o alimento do teu ego, nem o catalisador da tua autoestima. Sim, eu te entendo, mas isso não quer dizer que eu aceito. Não agora que eu te vejo de cima. Agora que eu abomino teu show e sinto pena da tua pequeneza.
A gente não vai se ver agora nem outro dia, porque ao contrário de você, eu não preciso provar nada pra ninguém.
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