Gap

Me acorde amanhã. Diga que você estava ali o tempo todo... Que tive um sonho ruim dentro de um sono pesado. Envolva seus braços ao meu redor e mostre firmeza. Ria da minha cara de susto e do meu rosto molhado das lágrimas que chorei durante a noite.
Impreterivelmente diga que me ama. É como se eu precisasse esquecer só pra ter o prazer de ouvir você me lembrar.
Deixe-me te contar do meu pesadelo: o tempo nunca passava. Você estava longe e me prometia um futuro diferente, e uma insegurança tomava conta de mim porque eu sabia que não podia confiar, tanto nesse futuro apagado, quanto nas tuas palavras. Era sufocante. Eu olhava pros lados e não via outro alguém apto a te substituir, pra te apagar de mim. Andava nas ruas perguntando se ia ser sempre assim, você longe de mim. A verdade é que o problema não era a distância, e sim o fato de que você não era meu. Longe ou perto a realidade era a mesma e se repetia dia após dia. Parava pra refletir sobre aquilo que dizem que “o tempo cura tudo”, e não sabia se acreditava nisso ou que “o tempo não cura nada, apenas tira o incurável do centro das atenções”. E agora, meu amor? O que vai ser? Vou te esquecer ou te tirar do foco? Meu mundo girava ao contrário nesse sonho, querido.
E tenho dado de ombros para a realidade infame que me diz que ainda nem fui dormir, para que eu pudesse sonhar. E que você de fato está longe, física e sentimentalmente. E que olho pros lados e não vejo outro alguém... Preste atenção nessas palavras, meu amor: quando eu não mais olhar pros lados, alguém vai ser o que você nunca foi.