Sobre mim


Deixe-me contar sobre mim. O meu eu que tanto deseja, tanto inflama, tanto clama. O meu eu que é tanto teu. Mais teu que meu. É que sou abusada nas palavras e passo dos meus e dos teus limites. Modéstia. Ultrapasso todos os limites, linhas, marcos, memoriais. Sempre fui o furacão para a plenitude, o grito do silêncio, o beijo dos lábios. Até que você me aconteceu, me apareceu, me enobreceu com tudo que és e que admiro com cada olhar meu. Me vi como se parasse abruptamente de uma corrida sem fim; algo me chamou atenção, me fez calar por alguns instantes. Algo novo, inusitado. Algo moreno de olhos pretos, sorriso bobo e olhos de menino. Algo lindo chamado você. Caminhei, rodeei, parei. Tornei a andar, tentei me afastar e até consegui correr, mas volto, sempre volto pra ti. Aqui quem fala é uma menina com vontades de mulher, uma mulher com sonhos de menina. Que gosta de chamar atenção, que satiriza quase tudo e que gosta de falar sério. Que gosta de aprender, se expressar. Que odeia números, ama letras e come livros do café da manhã ao jantar. Observadora, amável, carinhosa. Seca, odiável, quase arrogante. Que passa a noite te buscando e pensando o que deve, o que não deve e o que não precisa. Que se preocupa com o que você não tem se preocupado, mas é por isso que se preocupa. Sinto-me feito a borboleta que ninguém jamais pudera alcançar e você, sem querer, acordou com ela pousada em seus ombros. Estou parada, sentada, olhando pra essa folha em branco que aguarda outras palavras, mas sabemos que nada além de “Meu amor, te amo tanto” se encaixa aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário