Quando eu percebi, estava com medo de te perder. Me dei conta disso um dia desses, enquanto assistia a você dormindo. Fiquei lá durante eternidades desenhando as linhas do teu rosto e pensando no quanto você foi feito pra mim, e que chegou bem quando eu estava prestes a fechar minhas portas.
Você tava lá, de boca aberta, no vigésimo sono, e eu logo ali do teu lado rindo por dentro, agradecendo aos cosmos, a Deus e a mim. Sim, a mim, porque permiti a tua entrada quando tudo na minha vida indicava apenas placas de saída.
Só sei que não saía da minha cabeça esse "obrigada" infinito. E esse medo de te perder que eu apelidei carinhosamente de "valorizar". Eu já perdi muito e muitos me perderam. Eu já chorei de solidão e também implorei pra ficar sozinha. Eu fui tanto e fui nada, e agora sou tua.
Naquela noite, como em tantas outras, eu me enlacei inteira no teu corpo como se fosse possível entrar em ti e tu em mim, mas já estávamos um no outro. Aí eu me dei conta de que espero você dormir pra traçar todo esse paralelo de corpos, cosmos e gratidão porque quando você tá acordado não sei pensar muito além do quanto eu te amo.
Dentro do nosso quarto o cenário é outro. A música que toca a gente ouve por dentro e o cheiro que paira é da necessidade que temos um do outro. E depois de cansar o universo com meus agradecimentos eu te abracei forte e pedi mentalmente pra você nunca me deixar ir.
Eu enrosquei meu mindinho no teu indicador pedindo aos ventos que nos uniram a eternidade de nós dois.
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