Fica do meu lado. Eu já estou do teu lado. Então me protege.
Do quê? Sei lá. Dos dias maus, de mim, da minha vontade cotidiana de desistir. Enfia
o dedo na minha garganta até sair essa bola de desespero que me tranca a
traqueia e me impede de dizer tanta coisa. Me leva embora daqui, nem que seja
pro teu quarto. Me tira da minha vida e me põe na tua. Pega a minha bagagem,
meus sonhos, minhas manias, trejeitos. Deixa o meu passado no passado. Me
absolve dessa minha insistência em ser criança, de quando em quando, me
fechando feito concha, choramingando, acessível e vulnerável. Namora essa
garota que desfalece de tanto te querer, que te beija a boca e te guia a mão
por todo canto do corpo. Me salva de mim, se isso não for piegas demais. Me
rouba e me mantém em cárcere no teu coração. Me prende na tua mente. E me ama.
De janeiro a janeiro, na paz e no caos. Escreve uma história com essa mulher
que quer uma vida contigo. Com ou sem poesia. Cheia de flores ou de pedras.
Porque se a vida é crua, junto é mais fácil de engolir. Eu nunca soube ser só
uma; só criança, só garota ou só mulher – sempre fui uma mistura das três. Mas
todas as partes que me compõe te amam, te cuidam e te desejam, porque uma de
mim é pouco pra carregar todo esse amor. Eu não sei pra onde nós vamos, nem
quando – eu só quero que a gente vá. Até a Croácia ou até a esquina. Tanto faz.
Eu só preciso das tuas mãos nas minhas mãos de criança, no meu corpo de menina
e no meu coração de mulher. Eu preciso da tua vida na minha e que o nosso amor
torne tudo isso algo mais suportável. Porque não é, você sabe.
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