A vida em um café

Esses dias tomei um café. Coisa que faço sempre, mas desta vez foi diferente. Acabara de chegar do trabalho e, como de costume, sentia-me completamente esgotada. Ao dar o primeiro gole, fiquei encarando aquele café e toda a sua fumaça. Me descobri imersa nas obrigações do dia a dia, porque de fato é preciso mergulhar até o mais profundo em tudo que fazemos. Acontece que, de uma hora pra outra, se a gente não vigia, mergulhamos apenas naquilo que é obrigatório e esquecemos de afundar naquilo que é prazeroso. E a nossa vida, assim como café, esfria se a gente não aproveitar enquanto estiver quente. Enquanto a gente pode sair do trabalho e pegar a estrada, a praia, a balada. Deixar o cansaço pra outra década. Não que o cansaço possa ser ignorado. Ele existe, mas pode se tornar grande demais se comparado com o nosso tempo de vida. A vida é grande, porém curta. Então curta. Dá sim de sair do trabalho, tomar um banho e sair com os amigos. É possível sobreviver dormindo menos de oito horas por dia. Porque assim como café, sem açúcar a vida amarga. Então se a cafeína perder o efeito, apele para o tesão. Ele é essencial nas horas em que tudo perde a graça e o sentido. Porque senão, quando a gente for tomar um café, vai acabar percebendo que está sempre bem disposto para trabalhar e nunca pronto pra todo o resto. E esse resto é muito maior do que todas as obrigações que não temos como procrastinar. Entre o ciclo vital de nascer, crescer, trabalhar e morrer, existem prazeres que fazem tudo valer a pena. Abraço de mãe, amigos eternos, namoro no sofá sábado à noite... Existe uma vida inteira, ou até mais, se a gente souber viver.

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