Aqui sozinha ouvindo o som do bom e velho silêncio, que há muito me acompanha e só perde lugar pra balbúrdia dos sentimentos que carrego. Hoje, nesse fim de tarde, comecei a sentir o cheiro do verão. Ou o cheiro do inverno indo embora, sei lá. Só sei que esse cheiro me deu vontade de ligar pra alguém. Não um alguém necessariamente meu, apenas um alguém que me atendesse sem me achar romântica, grudenta ou melancólica demais. Um alguém que, antes de qualquer coisa, esperasse pela minha ligação. Alguém pra ouvir às minhas satisfações e desculpas inventadas sem necessidade, pra me deixar sem jeito, pra me tirar o fôlego.
Fingir não precisar cansa. Eu preciso sim, preciso muito. Eu, egoísta nata, tenho sentido falta de alguém na minha cama, roubando o meu espaço e me rendendo longas noites insones. Hoje eu tenho noites em claro sozinha, e isso também cansa. Alguém que seja totalmente livre e desprendido de mim e ainda assim opte por estar comigo e que, ao receber duas ou três ligações consecutivas, não me ache paranoica. Preciso de alguém que aceite doações, porque estou precisando me doar. Alguém que receba o meu sarcasmo como demonstração de afeto, que se preocupe com o meu silêncio e transborde calma quando me faltar alma. Alguém que me cale com um beijo quando eu, aturdida, lançar palavras no ar sem moderação.
Alguém que não seja meu, mas que me tenha, porque não tenho a pretensão de possuir, mas de ser possuída.
Lindo texto, sei o que é, essa necessidade
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