Há algumas semanas esse sentimento estava me perturbando. Nenhuma mudança é repentina, é questão de estar atento a ela ou não. Eu estava atenta àquele sentimento e a tudo que ele estava fazendo comigo. Algumas vezes você quer mudar, outras não, e ainda tem as vezes em que você não quer, mas é preciso, fundamental para que você prossiga. Foi isso que percebi. Não queria, mas precisava deixá-lo pra trás. Não só a ele, mas também toda a fantasia, a obsessão, o desejo... A depreciação. Não é mentira que o que tínhamos era inédito, exclusivo, diferente de tudo que havíamos tido e era isso que me prendia. Eu não queria prosseguir. Não queria aceitar a ideia de ser livre, conhecer outras vidas, outras histórias, outros dramas e camas... Não queria deixá-lo. Sempre me apoiei naquele resquício de esperança que sussurrava rabugento: “um dia, um dia ele vai perceber o teu amor, sei que vai... um dia”. Sabe o que a gente faz quando esse dia nunca chega? Continua esperando. A esperança pode não morrer, mas o resto morre sim, morre aos poucos, e eu não podia deixar que mais nada morresse. Sei que não preciso justificar a desistência, já que nunca expliquei as tentativas, mas ele sabe que eu preciso deixar tudo registrado, como se eu deixasse numa caixa o amor que, por capricho, ele deixou ir embora. Eu ainda não quero outros sorrisos, outras esperanças, outros sonhos... Eu ainda quero com ele, por ele, dele, ele. Mas quando se chega num ponto em que você precisa escolher entre alguém e a si mesmo, é hora de se levantar e sair andando, levantar e deixar toda a história e as possíveis continuações pra trás. Hora de admitir em frente ao espelho que tudo foi feito, e que só há o que ser desfeito. Não sei quando vou voltar a sorrir por alguém, não sei quando vou abrir minha alma de novo, não sei nem se é possível se abrir tanto mais de uma vez. Sinto que ele ficou com todas as minhas respostas, mas vai ser atormentado por todas as minhas perguntas, porque é só isso que vai restar de nós dois. Respostas não dadas, perguntas perdidas... Ambos sabemos que era tudo tão nosso, só nosso, mas agora eu preciso ser só minha, pra um dia poder ser de outro alguém... Que não é ele.
nossa.. esse texto define completamente meu relacionamento.. acho q vou ler todos os dias pra q cada dia que passar eu conseguir, aos poucos, abrir meus olhos. otimo texto, parabenss.
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