Renúncia

Vai, garota. Qual é a tua dificuldade? O que é que te prende nessa solidão? Procura outros gostos, descobre outros corpos, te recomeça, te reinventa. O que é que tá faltando pra você se libertar? Você não está olhando pra trás porque nem foi em frente, tá aí parada como quem não tem direito de ser feliz. Eu sei que dói, e dói como se nunca mais fosse parar, dói diferente de todas as dores, dói como só você sabe que dói. Por favor, garota, seja forte. Antes mesmo de procurar outros gostos e descobrir outros corpos, encontre força como você jamais teve. É preciso ser forte pra resistir a essas forças que insistem em te manter no chão e pra quebrar essas muralhas que tem impedem de continuar. Você consegue, garota, eu sei. Rasga essa dor do peito, arranca o peito dessa dor, mas eu imploro, seja forte. Se render é fácil, mas o abismo de ser sozinho não tem fim. Você vai continuar caindo até cansar de se render e começar a procurar e encontrar essa força da qual você precisa. Vai por mim, se entregar à solidão dói igual ou pior, porque sofrer sozinho é uma sentença que não foi dada a você nem a ninguém. Uma hora as lágrimas têm que parar de cair, a dor tem que anestesiar e as feridas vão se fechar. Eu sei que você tá se vendo num buraco negro, mas só você pode levantar essa cabeça e desatar esses nós de amargura e resignação. E quando parar de doer, garota, você vai entender que a dor é inevitável, mas se deixar abater é opcional.