Engraçada essa coisa de querermos compartilhar-coisas. De querermos contar pra alguém coisas do tipo “Acredita que eu fui tomar banho hoje e me esqueci de pegar a toalha? Tive que andar molhado pela casa atrás de alguma coisa pra me secar.” Não dá pra entender essa necessidade que a gente tem de ser de alguém até nos detalhes. Até pra rir junto do próprio azar. Sei lá. Acho curiosa a forma como quanto mais a gente quer receber, mais a gente dá. Como quando a gente diz “se cuida” e na verdade tá pedindo “me cuida”. Acho que quando a gente tem esse tipo de vontade é porque entendeu um pouco do que é amar. Se doar, não porque quer receber, mas porque se dar já é uma maneira de se preencher. É se sacrificar e enxergar num sorriso de agradecimento outra forma de sacrifício - o de ser grato pelo amor. Não existem mais indagações sofridas do tipo “Por que a gente tenta agradar e só leva na cara?” “Por que as pessoas nunca estão satisfeitas?”. Não sei, de alguma forma o amor muda esse tipo de vazio. Claro, ele preenche todas as lacunas, derruba todas as edificações. É só ele e ele e só. Eu tô dizendo que o amor faz você se sentir amado pelo “simples” fato de amar. Amar de verdade, tá? Fazer o que você não faria, ultrapassar limites que você não conseguiria, ter paz em meio ao transtorno. Dizem que amar é dar sem receber em troca porque já sabiam que amar é tudo, resume tudo, conclui tudo. Amar não foi. Amar não será. Amar é e ponto final. É a autossuficiência que nos tira do abismo dessa solidão que nos faz buscar o trivial pra preencher nossos seres. É a nossa imersão na imensidão de uma vontade eloquente de dar o que recebemos do amor personificado.
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