Faz tempo que a gente não passa mais nenhum tempo juntos e eu fiquei imaginando se você sabe como eu passo os meus dias. Não sei se isso interessa a você, mas é interessante pensar que poderia interessar. Não cheguei nem na vida adulta e já tenho manias de velhas raquíticas que criaram seus filhos em tempos de guerra. Como por ansiedade, engordo e emagreço trinta vezes na mesma semana. Não leio xampu no banho, mas fico encenando situações bestas enquanto tiro a espuma do cabelo. Deito na cama, fecho os olhos e mentalizo que você está ali. Pode rir, eu também acho engraçado. Sabe, eu falei do xampu e dos meus (maus) hábitos alimentares porque na verdade eu queria te dizer que tudo que eu faço pede você. É meio depressivo às vezes, porque você não vem se eu pedir, nem se eu não pedir. Você só vem quando eu não te quero mais nas brechas dos meus compromissos sempre tão chatos e inadiáveis. Vai ver é porque eu queria sair do banho e encontrar você deitado na cama, ultra concentrado na TV. Aí eu ia falar sem parar sobre tudo que você não pode se esquecer de fazer enquanto você me ignora, porque na verdade nem se tocou que eu já saí do banho e que estou falando com você. Ou também seja porque eu gostaria de dividir toda e qualquer refeição com você – do miojo ao sushi. Quem sabe seja culpa desse amor literário que tá impregnado na cabeça das pessoas, inclusive na minha. Então a culpa fica dividida assim: as pessoas que criaram um amor bonito demais pra um mundo feio ao extremo, eu que aceitei acreditar que você pudesse vir, e você, que não vem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário