Teu eu em nós

Deixe-me falar coisas que você não sabe. Palavras inebriantes saindo da minha boca para fazer-te acreditar em "nós".
Pouco me importa a quantidade de vírgulas, apóstrofes e aspas que tenha em nossa história. Também não me importo que seja prematuro demais para que seja chamado assim.
Acontece que eu faço e crio e fantasio do jeito que eu quiser.
Percebo teus lábios se chocando contra os meus com tamanha voracidade e então percebo que é real.
Me esqueço as normas e percebo que quero te mostrar que vale a pena ficar com teu corpo no meu corpo até sempre. Que posso ser sua e de mais ninguém. Que te amaria e te cuidaria sem nenhum desdém.
Que não somos duas metades, mas dois inteiros que se acrescentam e no corpo-a-corpo se camuflam. Que é no teu fogo que eu gosto de arder.
Mas não demore. Tenho pressa em ter-te e possuir-te. Tenho pressa em amar-te.
Perdoe se parecer precipitado mas é que no fim da noite eu continuo só no meu quarto. Ainda te desejando e querendo e fantasiando, entretanto, queimando sozinha num fogo de dois.
E por fim mostrar-te que sou aquilo que você precisa. Sou o fim da linha, a última parada. Que serei por inteiro os braços necessários para te proteger e os olhos incontestáveis para te amar muito além dos padrões que nos delimitam.
E enquanto te escrevo essas singelas palavras minhas mãos tremem e anseiam por pegar o telefone e te buscar aonde quer que você esteja só para olhar nos teus olhos e dizer que você vale a pena. Coisa que você não entenderia, porque sei que não te enxergas do mesmo modo mas eu posso fazer acontecer. Você só precisa se permitir, que eu me permito também.
Ambos estamos cansados de chegar sozinho em casa.
Então eu te chamo: vem comigo.
Seja por inteiro os braços para me proteger, tenha os olhos incontestáveis para me amar. Seja a última linha, minha última parada. Seja para mim o que desesperadamente anseio ser para você.
Seja você te amando em mim, queimando em mim, ardendo em nós.
Me olhe, silencie e perceba: você vale a pena. Nós valemos a pena.
E todas essas palavras são para te mostrar que não tenho medo de arriscar. Que pra ser "nós", abro mão do "eu".
Porque olhei nos teus olhos e vi que você é de verdade, então desista da mentira de ser sozinho e seja o meu eu em você.